quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Braga Semanário - Para memória futura, crónica de Ricardo Silva



RICARDO SILVA
 

Estratégia Braga!


Gosto de passear pelas ruas de Braga, gosto de observar o que me rodeia e como se desenvolve a cidade.

Percebo que as obras inscritas no programa "A regenerar Braga" vieram trazer várias complicações ao dia-a-dia dos cidadãos…num gesto de tolerância e passividade, os transeuntes lá se esgueiram entre as obras e entre redes divisórias, sujeitam-se a ser cobertos de pó e de lama (consoante as condições climáticas) e fazem uma verdadeira gincana.

Não se percebe como é que as obras no centro da cidade se fazem sem cuidado, nem preocupação, não dignificando o respeito pelos cidadãos.

As obras que hoje são realizadas, deixaram para trás um conjunto de preocupações, que, na realidade, nunca foram uma real preocupação para o executivo municipal.

Em primeiro lugar, as obras foram iniciadas em alturas complicadas, tendo em conta que as primeiras começaram em Fevereiro e as últimas em início de Setembro.

Os cidadãos não foram avisados com antecedência, nem tiveram acesso aos projectos finais, isto é, mesmo alegando que há informação numa página da internet, esta não é passível de aferir pormenores e perceber ao aspecto final das vias e lugares intervencionados.

O processo de obra também se tornou complexo, a partir do momento em que numa cidade pejada de vestígios arqueológicos, nenhuma das intervenções teve o cuidado de colocar no terreno, previamente, a equipa de arqueólogos. A ideia é descobrir e preservar e não destapar e destruir, pelo que qualquer uma das intervenções não teve coerência estratégica no que toca ao património.

No fim de contas, dados os alertas públicos, lá veio a Câmara Municipal de Braga juntamente com outras instituições dizer que nada é passível de ser musealizado e tornado público. Tudo foi enterrado, sem haver a preocupação de deixar informação na via pública. Falta de estratégia para valorizar a cidade e incrementar o gosto turístico.

Além do mais, as obras que se arrastam, deixam os cidadãos sem soluções para transitar em segurança, porque em qualquer outra obra, há obrigatoriamente corredores de segurança e percursos alternativos. Aqui há placas a encaminhar as pessoas a circular pelo meio da rua. Má gestão estratégica do planeamento da obra.

O mais curioso é que se começa a inaugurar as primeiras intervenções dadas como concluídas, mas quer o Largo da Senhora-a-Branca, quer o Largo Carlos Amarante estão às escuras, lembrando os tempos em que Braga vivia na Idade Média. Só que actualmente, nem dinheiro há para as candeias, quanto mais para o petróleo. Será falta de estratégia concertada com a EDP?

Também não deixa de ser curioso como as intervenções foram pontuadas em sítios com chafariz e onde corria água e agora, água só quando chove. Numa cidade repleta de mananciais subterrâneos de água, quando já se discute a escassez deste bem natural, como pode a CMB não aproveitar esta água para dar vida aos chafarizes e armazena-la para regar os jardins públicos, minorando a factura junto da AGERE?!!! Falta de coerência?!

Em suma, ficamos com a ideia de que a cidade de Braga está a ser gerida sem estratégia e sem as preocupações obrigatórias…a qualidade de vida dos cidadãos!

Por isso, enquanto cidadão, se pede uma maior proximidade da autarquia junto da população, para que Braga aponte num só sentido…o sentido sustentável de quem quer uma melhor cidade, com estratégia para vencer as dificuldades e com soluções para ultrapassar obstáculos.




 

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